quinta-feira, 31 de julho de 2014

Confissões- Parte II

Agostinho de Hipona, conhecido como Santo Agostinho ou simplesmente Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos do século quarto. Ainda hoje é referência de pensador e tem grande influência entre os seguidores do cristianismo. Confissões é uma de suas obras primas e até hoje é fonte de estudos e aprendizados. Em Confissões encontramos um ser humano capaz de expressar seus sentimentos e arrependimentos com um coração quebrantado e transformado. Na segunda parte do livro Agostinho, dando continuidade à primeira parte, relata sobre seu encontro com Deus. Nos livros XI e XII encontra-se o lado mais filosófico de Agostinho onde ele fala sobre "O Homem e o Tempo" e sobre a "Criação". Nesses capítulos, Agostinho tenta transmitir seus pensamentos sobre a origem da criação e do tempo assim como transmitir sua filosofia sobre os temas. São esses alguns dos muitos temas abordados por ele nesses dois livros. Agostinho estudou, por exemplo, o problema do tempo por um aspecto psicológico e não ontológico. No seu conceito de tempo há dois elementos: um transitório e outro permanente. No decorrer do livro encontram-se mais pensamentos sobre o assunto que valem ser lidos com uma boa análise crítica. Sobre a criação, Agostinho se dedica basicamente à passagem "No princípio criou Deus o céu e a terra" interpretando tal passagem constantemente e buscando respostas para suas perguntas e questionamentos com diversos argumentos. Mais uma boa leitura a ser feita. Confissões é finalizada no livro XIII: "A Paz". Agostinho termina de forma teológica falando, por exemplo, dos benefícios de Deus, da trindade divina, sobre o amor, a alma cristã, vida eterna, etc. Confissões é um clássico que contém diversos aprendizados. Descubra-os na leitura. Deixo em seguida um pouco de tudo que à mim foi muito significativo:

Livro X- O encontro de Deus:

"Fazei que eu Vos conheça, ó Conhecedor de mim mesmo, sim, que Vos conheça como de Vós sou conhecido. Ó virtude da minha alma, entrai nela, adaptai-a a Vós, para a terdes e a possuírdes sem mancha nem ruga."


"Quando sou mau, o confessar-me a Vós é o mesmo que desagradar-me a mim próprio; porém, quando sou bom, o confessar-me a Vós só significa que não atribuo nada a mim, porque abençoais, Senhor, o justo e o justificais."

"Todavia, tenho esperança, porque sois fiel e não permitis que sejamos tentados acima das próprias forças. Com a tentação, dai-nos também os meios para a podermos suportar."

"Não há dúvida que a memória é como o ventre da alma. A alegria, porém, e a tristeza são o seu alimento, doce ou amargo. Quando tais emoções se confiam à memória, podem ali encerrar-se depois de terem passado, por assim dizer, para esse estômago; mas não podem ter sabor. É ridículo considerar estas coisas como idênticas. Contudo, também não são inteiramente dissemelhantes."

"Então, como Vos hei de procurar, Senhor? Quando Vos procuro, meu Deus, busco a vida eterna. Procurar-Vos-ei, para que a minha alma viva. O meu corpo vive da minha alma e esta vive de Vós."

"A vida feliz consiste em nos alegrarmos em Vós, de Vós e por Vós. Eis a vida feliz, e não há outra. Os que julgam que existe outra, apegam-se a uma alegria que não é verdadeira. Contudo a sua vontade jamais se afastará de alguma imagem de alegria..."

"Ó Verdade, Vós em toda a parte assistis a todos os que Vos consultam e ao mesmo tempo respondeis aos que Vos interrogam sobre os mais variados assuntos. Respondeis com clareza, mas nem todos Vos ouvem com a mesma lucidez. Todos Vos consultam sobre o que desejam, mas nem sempre ouvem o que querem. O Vosso servo mais fiel é aquele que não espera nem prefere ouvir aquilo que quer, mas se propõe aceitar, antes de tudo, a resposta que de Vós ouviu."

"Só na grandeza da Vossa misericórdia coloco toda a minha esperança. Dai-me o que me ordenais e ordenai-me o que quiserdes."

"Eis o que aprendi de Vós. Dou-Vos graças e louvores, ó meu Deus e meu Mestre, a Vós que batestes às portas dos meus ouvidos e me iluminastes o coração. Arrancai-me de toda a tentação."

"Caio miseravelmente, e Vós me levantais misericordiosamente, umas vezes sem sofrimento, porque resvalei suavemente; outras com dor, por ter caído desamparado no chão."

"Pois bem, Senhor, lanço em Vossas mãos o cuidado da minha vida para que viva, e meditarei nas maravilhas da Vossa lei. Conheceis a minha ignorância e doença. Ensina-me e curai-me."


Livro XI- O homem e o tempo:

"Por Ele (Jesus) nos buscastes quando não Vos procurávamos. Vós nos buscastes para que também Vos buscássemos."
 

"Os meus pensamentos, as entranhas íntimas da minha alma, são dilaceradas por tumultuosas vicissitudes até ao momento em que eu, limpo e purificado pelo fogo do Vosso amor, me una a Vós."

"Vosso conhecimento diverge muito do nosso. É extraordinariamente mais admirável e incomparavelmente mais misterioso."

"Entoe Vossos louvores aquele que compreende, e quem não compreende enalteça-Vos também. Oh! quão sublime sois. Contudo a Vossa morada são os humildes de coração! Levantais os que caíram, e não caem aqueles de quem Vós sois a altura."
 

Livro XIII- A paz:

"Sim, Vós, Senhor, apagastes todos os meus delitos para os não castigardes como mereciam as obras de minhas mãos, as quais me afastaram de Vós."

"Vós, o nosso Deus, esclareceis as nossas trevas: de Vós provém as nossas vestes tecidas da vossa luz."

"Voltamo-nos para Vós, e fez-se a luz. Fomos outrora trevas; agora, porém, somos luz do Senhor."

"Mas que coisa possuímos que não tenhamos de Vós recebido? Fomos feitos vasos de honra, da mesma massa de argila de que outros foram feitos vasos de ignomínia."

"Todas as coisas são belas, pois Vós sois o seu autor; mas Vós criastes tudo, sois indizivelmente mais belo!"

"Se a alma evita o mundo, vive, e se o busca, morre."

"Vós sois o bem que de nenhum bem precisa. Estais sempre em repouso, porque sois Vós mesmo o Vosso descanso."

"Quem dos homens poderá dar a outro homem a inteligência deste mistério? Que anjo a outro anjo? Que anjo ao homem? A Vós se peça, em Vós se procure, à Vossa porta se bata. Deste modo sim, deste modo, se há de receber, se há de encontrar e se há de abrir a porta do mistério."

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Confissões- Parte I

Hoje venho escrever sobre a primeira parte do livro "Confissões" de Agostinho. Neste clássico, encontramos um ser humano que reconhece sua pecaminosidade e sendo assim, se humilha e se prostra constantemente diante da grandeza e misericórdia de Deus, exaltando, assim, o Seu amor e bondade para com ele ao longo da sua vida. Nesta primeira parte do livro encontramos o relato da sua infância, as confissões dos pecados na adolescência, o caminhar de estudos, suas experiências de vida em Roma e Milão, seu relacionamento com seus amigos(principalmente com sua mãe), a caminhada que o levou à Deus, a história de sua conversão e seu batismo. São nove os livros que nos apresentam um homem, desde sua infância, que busca conhecer a si próprio e conhecer ou entender Deus. Com o desenvolver da leitura encontramos um homem arrependido e de coração quebrantado. Um homem que foi moldado no seu viver e teve um encontro sublime com Deus. Essa é uma leitura que nos desperta à libertação do eu e nos leva à um relacionamento genuíno com Deus; sem contar que é um testemunho e todo testemunho nos ensina sobre a Verdade e o poder que Ela tem de transformar vidas. Quero destacar um pouco das experiências de Agostinho nas seguintes frases:

LIVRO I- A INFÂNCIA:

"Será, talvez, pelo fato de nada do que existe poder existir em Vós, que todas as coisas Vos contém? E assim, se existo, que motivo pode haver para Vos pedir que venhais a mim, já que não existiria se em mim não habitásseis?"

"Amais sem paixão; ardeis em zelos sem desassossego; Vos arrependeis sem ato doloroso; Vos irais e estais calmo; mudai as obras, mas não mudais de resolução; recebeis o que encontrais, sem nunca o ter pedido."

"Quem me dera repousar em Vós! Quem me dera que viésseis ao meu coração e inebriásseis com a Vossa presença, para me aquecer de meus males e me abraçar convosco, meu único bem!"

"... de Vós, Senhor, me acorrem todos os bens e toda a salvação."

"Disto ressalta com evidência que, para aprender, é mais eficaz uma curiosidade espontânea do que um constrangimento ameaçador."

"Fazei que Vossa doçura supere todas as seduções que eu seguia. Que eu Vos ame arrebatadamente e abrace a Vossa mão com toda a minha alma para que me livreis de todas as tentações até o fim."

"Eu pecava, porque em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas e as verdades, procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso, precipitava-me na dor, na confusão e no erro."

LIVRO II- PECADOS DA ADOLESCÊNCIA:

"Graças Vos sejam dadas pelos dons que me concedestes. Conservai-os para mim. Assim me haveis de conservar. Também aumentareis e aperfeiçoareis os Vossos dons, e eu estarei convosco, pois se existo, Vós me destes a existência."

"Afastava-me para mais longe de Vós, e fazíeis vista grossa. Arrojava-me, derramava-me, espalhava-me e fervia em minhas devassidões, e Vós em silêncio! Ó Alegria que tão tarde encontrei! Vós calado, e eu a afastar-me cada vez mais de Vós, buscando, constantemente, estéreis sementes de dores, com aviltante soberba e desinquieto cansaço!"

"A Vossa onipotência está perto de nós, ainda quando erramos longe de Vós."

"Que coisa mais próxima de Vossos ouvidos do que um coração arrependido e uma vida de fé?"

"A vida deste mundo seduz por causa de uma certa medida de beleza que lhe é própria, e da harmonia que tem com todas as formosuras terrenas. A amizade dos homens torna-se doce, por unificar, com um laço querido, muitas almas."

"... não há lugar para onde nos possamos afastar totalmente de Vós."

"Atribuo à Vossa graça e à Vossa misericórdia o me terdes dissolvido, como gelo, os pecados. À Vossa graça devo também o ter fugido do mal que não pratiquei. Oh! de que não era eu capaz, se até amei, sem recompensa, o pecado?!"

LIVRO III- OS ESTUDOS:

"Mas ao sofrimento próprio chamamos ordinariamente desgraça, e à comparticipação das dores alheias, compaixão."

"Meu Deus, a Vós o confesso, a Vós que de mim Vos compadecestes quando ainda não Vos conhecia, quando Vos buscava não segundo a compreensão da inteligência, mas segundo o raciocínio da carne."

"Assim, afastava-me da verdade com a aparência de caminhar para ela, porque não sabia que o mal é apenas a privação do bem, privação cujo último termo é o nada."

"A própria iniquidade se engana a si mesma, corrompendo-se e pervertendo-se na sua natureza, feita e ordenada por Vós, quer servindo-se imoderadamente das coisas que lhe são lícitas quer ardendo na concupiscência do ilícito, no uso daquilo que é contra a natureza."

"Felizes aqueles que sabem o que Vós lhes preceituastes."

LIVRO IV- O PROFESSOR:

"Com efeito só há verdadeira amizade, quando sois Vós quem enlaça os que Vos estão unidos pela caridade difundida em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado."

"Que homem haverá, um só que seja, que possa enumerar os Vossos louvores, ainda dos que só em si experimentou?" 


"Se não chorarmos a Vossos ouvidos, nada restará da nossa esperança."

"... desgraçada é toda a alma presa pelo amor às coisas mortais. Despedaça-se quando as perde e então sente a miséria que o torna miserável, ainda antes de as perder."

"Por que andar de contínuo por caminhos difíceis e trabalhosos? Não há descanso onde procurais. Procurais a vida feliz, onde nem sequer vida existe?"

"Fazei, ó Senhor, que voltemos já para Vós para não submergirmos, porque o nosso bem, que sois Vós mesmo, vive, sem deficiência alguma, em Vós. Apesar de termos caído do nosso bem, não temos receio de não o encontrar quando voltarmos; porque, em nossa ausência, não desaba nossa morada - a Vossa eternidade."

LIVRO V- EM ROMA E EM MILÃO:

"Só Vos avizinhais dos corações contritos. Não sois encontrado pelos soberbos ainda que murmurem com hábil perícia as estrelas e as areias, ainda que meçam as regiões siderais e investiguem o curso dos astros."

"A sabedoria e a ignorância são como os alimentos úteis ou nocivos. Podem-nos ser apresentados com palavras polidas ou com rudeza de forma, como os bons e maus alimentos nos podem ser servidos em pratos finos ou grosseiros."

LIVRO VI- ENTRE AMIGOS:

"A letra mata e o espírito vivifica."

"Costuma suceder ao doente que consultou um médico desprestigiado, ter depois receio de um médico bom. Assim acontecia à saúde da minha alma, que não podia curar-se, senão crendo. Porque temia crer o que era falso, recusava deixar-se curar, resistindo às Vossas mãos, ó Divino Médico que fabricastes o remédio da Fé e o derramastes em todas as enfermidades do mundo, dando-lhe a ela tão grande autoridade!"

"... ao julgar uma causa, o homem não deve condenar o outro com facilidade e crueldade temerária."

"Assim imerso no vício e cego, não podia pensar na luz da Virtude e da Beleza que os olhos da carne não veem, e só o íntimo da alma distingue."

"Louvor e glória a Vós, ó Fonte das Misericórdias! Eu tornando-me mais desgraçado, e Vós, cada vez mais pertinho de mim! Sem eu saber, Vossa mão direita que me havia de arrancar da lama e lavar-me, estava mesmo junto de mim. Só o temor da morte e do Vosso futuro juízo, que através das várias doutinas, nunca se retirou do meu peito, me convidava a sair do abismo tão profundo dos prazeres carnais."

"Ai da alma audaciosa que se afastou de Vós, na esperança de possuir algum bem melhor. Quer se vire ou revire para trás, quer se volte para os lados ou para diante, tudo lhe é duro. Só Vós sois o descanso. Só Vós nos assistis e libertais de erros deploráveis, metendo-nos no Vosso Caminho, consolando-nos e dizendo: Correi; eu guiar-vos-ei, conduzindo-vos até o fim, e aí vos hei de manter."

LIVRO VII- A CAMINHO DE DEUS:
 

"Não podeis ser obrigado, por força, seja ao que for, porque em Vós a vontade não é maior do que o poder. Porém, seria maior, se Vós mesmo fôsseis maior que Vós mesmo. Mas a vontade e o poder de Deus são o próprio Deus. Para Vós que tudo conheceis, existe acaso alguma coisa imprevista? Nenhuma natureza existe, senão porque a conhecestes. Para que proferimos nós tantas palavras a fim de comprovar que a substância de Deus não é corruptível, já que, se o fosse, não seria Deus?"

"... reconhecia apenas em Cristo um homem completo: não só um corpo humano ou um corpo e uma alma sem mente, mas um homem real que eu julgava avantajar-se aos restantes mortais, não por ser a personalidade da Verdade, mas por motivo da grande excelência de sua natureza humana e de sua mais perfeita participação quanto à Sabedoria."

LIVRO VIII- A CONVERSÃO:

"São vãos, por certo, todos os homens em que não se acha a ciência de Deus, e que, pelos bens visíveis, não chegaram a conhecer Aquele que é."

"Portanto são as paredes da Igreja que nos fazem cristãos?"

"Até os próprios prazeres da vida humana não se apossam do coração do homem só por desgraças inesperadas e fortuitas, mas por moléstias previstas e voluntariamente procuradas. Não há prazer nenhum no comer e beber, se o incômodo da fome e da sede não o precede."

"Ai de mim! Quão alto sois nas alturas e quão profundo nos profundos abismos! Nunca Vos apartais de nós, e contudo, com que dificuldade nos voltamos para Vós!"

"Vós me colocáveis perante o meu rosto, para que visse como andava torpe, disforme, sujo, manchado e ulceroso. Via-me e horrorizava-me; mas não tinha por onde fugir."

"Não fiz o que incomparavelmente desejava muito mais, apesar de o poder fazer logo que quisesse, porque para o querer basta querer sinceramente."

"Sê surdo às tentações imundas dos teus membros na terra, para os mortificares. Narram-te deleites, mas estes não são segundo a lei do Senhor teu Deus."

LIVRO IX- O BATISMO:

"Vós, porém, Senhor bom e misericordioso, olhastes para a profundeza da minha morte e, com a Vossa direita, exauristes do fundo do meu coração o abismo de perversidade. E agora tudo era não querer aquilo que eu queria, e querer o que Vós queríeis."

"Vós sois esse Ente que não muda, em Vós está o descanso que faz esquecer todos os trabalhos, porque nenhum outro descanso existe senão Vós. Fora de Vós nem sequer posso adquirir outras muitas coisas que não são o que Vós sois. Mas Vós, Senhor, singularmente me destes a esperança."

 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

O Pequeno Príncipe

Hoje venho escrever sobre ele, O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Livro mágico, escrito para todos os tipos de pessoas, que nos faz enxergar a vida com a pureza de uma criança. Livro de grandes aprendizados, puro e mágico. Um livro que, em cada página e em cada letra, nos ensina sobre a vida e como vivê-la. Para tanto, só é preciso ter o coração sensível, sentimento inteligente e mente pura para viajar e desfrutar da magia. Para isso, no entanto, não poderemos ser como o rei, o vaidoso, o bêbado, o empresário, o lampião e o velho, personagens que o pequeno príncipe encontrou ao longo de suas viagens aventurosas em busca de amigos. Eles eram pessoas grandes e sendo assim eram pessoas estranhas. Desse encanto poético quero destacar o que à mim foi essencial e sublime. Segue, então:

"Todas as pessoas grandes foram um dia crianças - mas poucas se lembram disso."

"As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar a toda hora explicando."


"Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe..."

"Mas, com certeza para nós, que compreendemos o significado da vida, os números não têm tanta importância."

"Talvez eu seja um pouco como as pessoas grandes. Devo ter envelhecido."

"Ah!, pequeno príncipe, assim eu comecei a compreender, pouco a pouco, os segredos da tua triste vidinha. Durante muito tempo não tiveste outra distração a não ser a doçura do pôr do sol."

"Quando a gente está muito triste, gosta de admirar o pôr do sol..."

"Tu confundes todas as coisas... Misturas tudo!"

"
Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão contas. E o dia todo repete como tu: "Eu sou um homem sério!" E isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!"

"Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para fazê-lo feliz quando as contempla. Ele pensa: Minha flor está lá, em algum lugar..."

"Não soube compreender coisa alguma! Deveria tê-la julgado por seus atos, não pelas palavras. Ela exalava perfume e me alegrava... Não podia jamais tê-la abandonado. Deveria ter percebido sua ternura por trás daquelas tolas mentiras. As flores são tão contraditórias! Mas eu era jovem demais para saber amá-la."

"É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas!"

"É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar."

"É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio."

"Para os vaidosos, os outros homens são seus admiradores."

"Os vaidosos só ouvem elogios."

"As estrelas são todas iluminadas... Será que elas brilham para que cada um possa um dia encontrar a sua?"

"Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..."

"Mas se tu me cativas, minha vida será como cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fosse música."

"A gente só conhece bem as coisas que cativou. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!"

"Vai rever as rosas. Assim, compreenderás que a tua é a única no mundo."

"Ela sozinha é, porém, mais importante que todas vós, pois foi ela quem eu reguei. Foi ela quem pus sob a redoma. Foi ela quem abriguei com o pára-vento. Foi nela que eu matei as larvas. Foi ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. Já que ela é a minha rosa."

"Eis o meu segredo: É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos."

"Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que a fez tão importante."

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

"As estrelas são belas por causa de uma flor que não se pode ver..."

"O que torna belo um deserto é que ele esconde um poço em algum lugar."

"O que eu vejo não passa de uma casca. O mais importante é invisível."

"Os homens do teu planeta cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim... e não encontram o que procuram... E, no entanto, o que eles procuram poderia ser encontrado numa só rosa, ou num pouco de água... Mas os olhos são cegos. É preciso ver com o coração..."

"A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar..."

"E eu compreendi que não poderia suportar a ideia de nunca mais escutar esse riso. Ele era para mim como uma fonte no deserto."

"Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é bom, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas."

"As pessoas veem estrelas de maneiras diferentes. Para aqueles que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para os sábios, elas são problemas. Para o empresário, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu, porém, terás estrelas como ninguém nunca as teve...Quando olhares o céu de noite, eu estarei habitando uma delas, e de lá estarei rindo; então será, para ti, como se todas as estrelas rissem! Dessa forma, tu, e somente tu, terás estrelas que sabem rir! E quando estiveres consolado(a gente sempre se consola), tu ficarás contente por teres me conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E às vezes abrirás a tua janela apenas pelo simples prazer... E teus amigos ficarão espantados de ver-te rir olhando o céu. Tu explicarás então: Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir! E eles te julgarão louco. Será como uma peça que te prego... Será como se eu te houvesse dado, em vez de estrelas, montes de pequenos guizos que sabem rir..."

"Será lindo, sabes? Eu também olharei as estrelas. Todas as estrelas serão como poços com uma roldana enferrujada. Todas as estrelas me darão de beber..."

"Olhem o céu. Perguntem a si mesmos: O carneiro terá ou não comido a flor? E verão como tudo fica diferente... E nenhuma pessoa grande jamais entenderá que isso possa ter tanta importância."

Leia o livro e se descubra nele. Boa leitura!

quinta-feira, 3 de julho de 2014

O Reino entre nós

Hoje venho escrever sobre este livro maravilhoso, escrito por Maurício J. S. Cunha e Beth A. Wood, que tem como base a transformação de comunidades através do evangelho integral. Um livro que desafia a Igreja de Cristo ir muito além de evangelizar; desafio à compaixão, amor pelo próximo, desenvolvimento comunitário, implantação de projetos sociais, relacionamentos com os pobres, dentre outros valores relacionados à nossa cultura e realidade, buscando sempre uma comunidade mais justa e igualitária. O Reino entre nós é divido em nove capítulos e destes nove capítulos destaco o que há de sublime e essencial:

1- O Evangelho do Reino de Deus: A redenção de tudo o que Deus criou:

"Quando Deus criou todas as coisas, ele tinha propósitos para todas as áreas da vida do homem e para a criação como um todo."

"Como Igreja, devemos proclamar o evangelho da redenção para o homem em todas as áreas da vida e da criação."

2- O coração de Deus para com os pobres:

"A proclamação da redenção de todas as coisas em Cristo não é opcional."

"Nossa intimidade com Deus sempre nos levará a ações de compaixão e, como via de mão dupla, nossos relacionamentos com os necessitados sempre afundarão nossa intimidade com ele."

"... por meio dos pobres, nossos medos e fraquezas são evidenciados, promovendo nossa dependência de Deus."

3- Cosmovisão e Desenvolvimento:

"... a forma como o indivíduo "vê" ou percebe o mundo ao seu redor irá afetar profundamente o seu estado psicológico e influenciá-lo decisivamente na busca da felicidade."

"Em nosso trabalho de implantação do Reino de Deus, precisamos conhecer profundamente três cosmovisões: a nossa própria, a daqueles a quem vamos servir e a cosmovisão bíblica, que é aquela que queremos comunicar ao povo."

"É tarefa da Igreja discipular indivíduos, mas também comunidades e nações."

"Discipulado é muito mais que um mero estudo bíblico. A missão da Igreja vai além de evangelizar."

4- Fortalezas e ações proféticas:

"Individualmente, todos nós temos distorções na nossa mente e na nossa forma de perceber a realidade. Essas distorções vão sendo eliminadas à medida que crescemos em nosso processo individual de maturidade e de discipulados."

"Quando os nossos pensamentos estão em concordância com a incredulidade, o medo, a rejeição, a violência, etc., damos lugar para o inimigo descansar e armar a sua tenda."

"Deus já colocou nas próprias pessoas os elementos essenciais para o desenvolvimento: criatividade, dons, talentos, unção, disponibilidade, fé, amor."

5- Obediência: Atenção íntima ao Pai:

"A obediência bíblica do homem diante de Deus consiste no ato de prestar íntima atenção à pessoa de Deus, com discernimento e inteligência. Por basear-se no relacionamento, vai muito além da obediência no estilo militar, envolvendo o homem no processo e promovendo o seu desenvolvimento em todas as direções."

"Esse é um conceito fundamental para a igreja brasileira hoje. A nossa obediência como filhos de Deus sempre nos leva a relacionamentos de compaixão, porque estamos atentos ao Deus de compaixão."

"Os filhos de Deus que andam em amizades com ele sempre refletem o seu caráter por meio de vidas compassivas. Não é opcional nem um "chamado" limitado a poucos. É para todos os filhos de Deus."

"Entendendo quem Deus é e fazendo tudo com base naquilo que ele está dizendo, terei pouco interesse naquilo que está na moda, o que está politicamente correto, ou que as pessoas de influência querem."

"O convite de Jesus está aberto e claro: podemos andar com Deus, escutar sua voz, entender os seus planos e participar deles com sabedoria."

6- Ajudando com sabedoria:

"É importante lembrar que a caridade bíblica não é uma caridade indiscriminada e sem discernimento, que exalta o ajudador e não o ajudado. Pelo contrário, deve ser exercida com critério e sabedoria, sob a direção de Deus, promovendo o ser humano, criado à imagem e semelhança do Criador, e trazendo glória para ele."

"Não há como agradarmos a Deus r ignorarmos o nosso semelhante que precisa de ajuda."

"Como Igreja, somos a embaixada do reino de Deus na terra, chamados a proclamar, viver e fazer cumprir as intenções do Pai. O trabalho cristão de desenvolvimento visa ao homem na sua integralidade, indo muito além do simples suprimento de necessidades e referindo-se às intenções de Deus para ele."

"A visão e Deus é dinâmica, e será gradualmente discernida com oração, intercessão, constante avaliação e experiência."

7- Princípios de desenvolvimento comunitário:

"A vocação original da Igreja ou Eclésia, que se constitui na "assembleia de pessoas chamadas para fora" é o chamado de servir ao mundo em nome de Deus."  

"O agente de desenvolvimento sábio é amado e respeitado pelo povo justamente porque ele o ama e respeita."

"Programas e projetos são importantes, mas nunca poderão substituir a essência do processo, que são relacionamentos de amor e confiança com o povo."

"É preciso estar disposto a se relacionar com o povo, se envolver com os seus problemas, suas lutas, suas dificuldades, anseios e sonhos."

"É preciso que aprendamos a desfrutar do processo, e não apenas dos resultados."

8- Dando o primeiro passo: Conhecendo a comunidade:

"Cada comunidade e cidade são especiais diante de Deus e ele tem sonhos e intenções específicas para cada uma delas. O nosso desejo principal sempre deverá ser deixar estes sonhos entrarem em nosso coração para nos motivar e guiar. Precisamos ter em nossos corações a expectativa daquilo que Deus tem preparado."

"Sempre devemos buscar sintonizar as nossas mentes e os nossos corações com a perspectiva divina."

9- Esperança: A nossa expectativa em Deus:

"A esperança é a expectativa que temos em Deus das boas coisas que ele há de fazer."

"A pessoa esperançosa não só espera mas, enquanto espera, tem um coração cheio de uma alegre expectativa."

"O desenvolvimento ou não da esperança dependerá sempre da maneira que encaramos as tribulações que vêm até as nossas vidas."

"O povo de esperança vê além da situação. É o povo que consegue enxergar o que Deus há de fazer."